quarta-feira, 21 de julho de 2010

Domínio Público - Literatura Infantil


Chuva e sol

Junta ao pendor do abismo e suster-se sozinha;
quase a tombar no mal, lutar vencendo o mal,
é difícil, é belo! Eu vi exemplo igual
na ingênua candidez de linda criancinha.
Disse a mamãe, um dia, à loura Georgeana:
— Se até anoitecer, eu não te ouvir chorar,
nem dar gritos, prometo, amor, ir-te comprar
uma nenê gentil, d'olhos de porcelana.
Apenas isto ouviu, a bela pequenita
dança e salta a cantar, com tal sofreguidão,
que entontecendo, cai, ao comprido, no chão.
Esqueceu-lhe a promessa. Ei-la que chora e grita.
— Prantos? adeus boneca. Ouvindo esta ameaça,
ergue-se Georgeana e diz muito ligeira,
mudando o choro em riso, e com imensa graça.
— Chorei... por brincadeira...

Adelina Lopes Vieira

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